terça-feira, 24 de maio de 2011

E continua....

“E a gente não tem de falar idiomas estrangeiros com perfeição, visitar todos os lugares interessantes do mundo, beber os melhores vinhos, ter os cartões de crédito mais valorizados, a mulher mais gostosa, o marido mais rico”. (Lya Luft)

Continuando sobre os mitos, ou melhor, sobre as coisas impostas nas nossas vidas, me pergunto: Porque temos que ser sempre os melhores?

Muitas vezes ser melhor não é ter uma casa grande, um carro novo na garagem, ser a primeira na sala de aula, ser a gostosa da turma, aliás, ser a gostosa da turma, do grupo, muitas vezes é um problema e não uma vitória.

Convivi durante toda minha infância e adolescência, com a seguinte frase: Você não é bonita, você é engraçadinha e inteligente, de personalidade forte. “Bonita” é a tua irmã!

Passei a minha vida inteira acreditando nisso, me sentindo uma pessoa sem atrativos, apenas alguém muito decidida, responsável, inteligente e competente. Por isso me dediquei aos estudos e sempre era a primeira da turma, nunca repeti o ano e com 16 anos já estava formada no 2º grau e até hoje vivo uma constante busca de estudar, estudar e estudar, para me sentir alguém importante (ou escondido dentro do meu subconsciente, assim, chamar atenção).

A responsabilidade também foi algo que pesou um pouco (não que eu não goste de ser responsável), mas eu sempre tinha que cumprir com as obrigações, sem contestar nada, muitas vezes a cobrança em cima de mim era maior do que aos outros. Eu tinha que ser a filha exemplar, que não trazia nenhuma preocupação para os pais e que ainda dava muito orgulho para minha mãe sempre passando de ano. Eu não podia errar, aliás, eu não admitia errar. Eu tinha que ser forte, que compreender sempre e muitas vezes me calar.

Cresci sempre preocupada com o futuro, correndo atrás da máquina, para poder ser alguém na vida, nunca deixava para depois, cumpri com todas as minhas obrigações e com todas as coisas impostas para mim.

Resultado: Me criei uma pessoa com a alta estima baixa, nunca penso que alguém pode me achar bonita, mas espero sempre que me achem inteligente! Um pouco amarga e muito desconfiada. A desconfiança me atrapalha um pouco.

Por exemplo: Quando alguém me diz que sou bonita, eu não acredito, sempre acho que estão me debochando, que estão tirando uma com a minha cara. Quando estou com amigas e passam rapazes nos olhando, nunca acho que é pra mim, eu seria a última a olharem; cantadas então, ah essas passam despercebidas, e se vejo, ainda acho graça.

Hoje vejo que não temos que ser os melhores, apenas temos que se sentir feliz da maneira que a gente gosta, fazer o que é melhor para si, com ou sem inteligência, com ou sem beleza.
Quero apenas viver, nem que seja na maior simplicidade, me aceitando do jeito que sou e como sou, sem ter que provar nada pra ninguém, sem ter que carregar um fardo nas minhas costas, sendo amada e respeitada por aqueles que me querem bem. E ser feliz.


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