"Não quero lhe falar meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos.
Quero lhe contar como eu vivi, e tudo que aconteceu comigo.
Viver é melhor que sonhar, e eu sei que o amor é uma coisa boa.
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa".
(Belchior)
Nada melhor do que a prática, ta certo que precisamos da teoria também, mas a vivência é bastante importante. Só saberemos entender bem uma situação depois que vivenciarmos, depois de termos experiência no assunto, daí sim poderemos opinar de forma clara e precisa.
Minha primeira experiência com a música foi aos três anos de idade, mas como concorrente foi aos 9 anos, quando entrei no meu primeiro concurso de música. Esse concurso ficou marcado na minha memória, porque ao longo do tempo, hoje posso (fazendo um levantamento de todos os outros que participei) afirmar que foi o mais disputado que eu participei, o mais difícil, o mais concorrido.
Foram 4 quartas-feiras de concurso. Foi um concurso bem organizado e com eliminatórias. Na 1ª quarta, participei com a minha banda tocando para eu cantar. Me classifiquei, tirei o 5º lugar(o último). Na próxima quarta resolvemos que eu iria cantar com os músicos da casa, e então eu tirei o 2º lugar. Mas eu tinha uma dupla no meu pé. Essa dupla era muito boa, na primeira quarta-feira eles tiraram o 1º lugar e assim foi indo.
Eu entrei para vencer, e não iria deixar por menos, então na penúltima quarta eu tinha que colocar uma música que me classificasse bem para a final, mas a música que sempre fechava minhas apresentações com chave de ouro era "Galopeira"(Donizete) e se eu colocasse ela antes da final eu não saberia o que apresentar na última quarta-feira.
Minha mãe sempre escolhia meu repertório, e, cabia a ela agora, encontrar algo para vencer. Então resolvemos que eu iria cantar Galopeira para poder me classificar para a final. Cantei, e naquela quarta - a penúltima, eu me classifiquei em 1º lugar, ganhei da dupla.
Existia uma música chamada "Cara ou Coroa" (Zezédi Camargo e Luciano), essa canção além de ser cantada por duas pessoas, ela sobe de tom no meio da canção, e sinceramente, não é para qualquer um cantar, ainda mais alguém sozinha como eu, sem a segunda voz. Treinei , treinei e estava pronta. Apresentei minha música e nessa quarta-feira e última do concurso, na classificação da noite eu tirei o 1º lugar. Fiquei muito feliz, mas na hora de entregar o prêmio, os jurados deram o 1º lugar para a dupla, e o 2º para mim, já que desde a 1ª quarta a dupla vinha vencendo, então acharam por certo dar o 1º lugar para a dupla. Confesso que eu achei muito justo a escolha, pois eu reconhecia que a dupla era ótima.
Mas o que mais me emocionou nisso tudo e acredito que há muitas pessoas também, foi a próxima quarta, onde iriam entregar o troféu e nos deixaram com a incumbência de apresentar uma música de despedia.
Na época eu morava em Canoas e vinha todas as quarta para Alvorada, onde era o concurso. Precisava apresentar uma música de despedida e mais uma vez minha mãe entrou em campo. Ela não podia ter escolhido música melhor dentro do contexto que eu me encontrava.
"Pé na Estrada"(Chitãozinho e Xororó), foi uma emoção só naquela noite, eu estava tão feliz como se tivesse tirado o 1º lugar e aquela música foi uma despedida ao pessoal de Alvorada, aos amigos que conquistei nesse período de concurso e uma porta aberta às outras coisas que eu iria conquistar, amizades, conhecimentos, experiências.
Pé Na Estrada
Pé na estrada lá vamos nós outra vez
Foi tão bonito subir no palco e cantar pra vocês
Nossa canção vai ficando e a gente já vai
Deixando sempre um pedaço da gente pra trás
Bye, bye, bye, bye, Adeus amigos
A gente vai partindo mas deixar com vocês o coração
Bye, bye, bye, bye, todos sorrindo
Foi muito bom cantar junto a vocês unidos
na mesma emoção
Pé na estrada que a nossa vida é cantar
Em outra cidade, o povo espera a gente chegar
Mão na viola fé no aplauso e no amor
Que nunca falte de cada platéia o calor